segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Só porque não há lágrimas nos meus olhos.

Não é que dói. É que incomoda. A dor já passou há um tempão, e sua ausência é agora tão grande que se torna um vazio. Eu já disse isso, e eu estou morrendo de vergonha de readmitir essa ideia. Mas eu preciso ser sincera.

***

Ontem minhas mãos estavam sendo beijadas. Eu só observava, calada, como estive uma parte do tempo. Hoje eu beijei mãos. Eu não podia observar nada, porque eu precisava das palavras para comprovar que eu não estava do jeito que parecia, e que aquele beijar de mãos não era só um ato.
O silêncio para mim é algo muito triste e incômodo. Pra mim o silêncio sempre foi significado de solidão e/ou mal-estar. O silêncio devia ser algo proibido no mundo. Mas tem gente que consegue se sentir melhor num mundo quieto.
Eu não sou assim.

***

Quando eu não sorrio, não se importa. Já me conhece, aceita e deixa por isso mesmo. Beija as minhas mãos. Não pergunta e acho que nem gostaria de ouvir: ele já sabe que eu sou daquele jeito estranho. E aceita, porque eu não sou só assim. Diz que me ama. E é verdade, porra.
Um dia depois... eu beijo as mãos. E tudo o que ouço daquela boca é que eu ando estranha. Estranha? Estou sorrindo, estou falando, e meu mau humor da manhã ainda é constante. Mas continua comentando: eu estou estranha. Eu não sou estranha. Eu sou só a outra. Uma outra 'eu' qualquer. Mas que diz que o ama. E é verdade, porra.

Uma, duas ou cem outras 'eu' se confrontam nessa confusão de desejos, intrigas e um pouco de tristeza: uma hora é só o precisar de um beijo, um abraço ou que mexam no cabelo. Outra hora é precisar... conversar. Mas conversar de verdade, comentar, rir, sem cessar. E com um mínimo de naturalidade, sem intervalos.
Mas sinto que não chegarei. Eu nunca sei demais. Eu sou meio fria para beijar. E sou meio burra pra conversar.

***

Quando o desafio foi mencionado, eu não sabia exatamente o que era. Mas agora eu sei. E não é só um desafio.. do mesmo jeito que não é só uma confusão, uma só raiva, um só desejo ou um só amor.
Mas a sinceridade é só uma.




3 comentários:

Yash disse...

...
Dentre tantos seus 'eu', um dia conheceremos todos? E manteremos um diálogo, não importando se o assunto é fútil ou não...
E no silêncio, cujo qual você gostaria que fosse proibido, daria para pensar em si mesma? Assim conversaria contigo para rever seus conceitos...
E quanto a frieza ao beijar? Não saberia dessa se a vontade não fosse tanta...
Sinceridade? Nada posso dizer, machuca, fere, mas resgata e cura.

Ora.. que quero dizer com isso tudo?
Para aqueles que precisam do mundo, mas podem até achar que o mundo não precisa deles por serem ou estarem 'estranhos'... É só olhar em volta e verá iguais e diferentes..
Estamos sempre aqui, conte conosco, seje como for, nos importaremos com você. Tentaremos conversar e rir com a naturalidade que respiramos.

Arthur Rangel B) disse...

2 votos pra mine.Disse tudo o que eu não consegui dizer ontem, e de maneira sutil.Muito origado Mine(costumo agradecer muito a quem diz as coisas que eu gostaria de estar dizendo)

E muito obrigado pela sinceridade do texto, amor.

Só quero dizer que eu te amo, e na verdade é isso o que importa.Por isso sinto que tudo vai melhorar.

s2

;**

Ayla disse...

3 votos pra Mine

ela digamos que falou tudo o que eu queria comentar nesse texto mas não saberia

<3