quarta-feira, 21 de outubro de 2009

De um, as três [ II ]

Dezesseis

João Roberto era o maioral
O nosso Johnny era um cara legal

Ele tinha um Opala metálico azul
Era o rei dos pegas na Asa Sul
E em todo lugar

Quando ele pegava no violão
Conquistava as meninas
E quem mais quisesse ver
Sabia tudo da Janis
Do Led Zeppelin, dos Beatles e dos Rolling Stones

Mas de uns tempos prá cá
Meio sem querer
Alguma coisa aconteceu

Johnny andava meio quieto demais
Só que quase ninguém percebeu

Johnny estava com um sorriso estranho
Quando marcou um super pega no fim de semana
Não vai ser no CASEB
Nem no Lago Norte, nem na UnB

As máquinas prontas
Um ronco de motor
A cidade inteira se movimentou

E Johnny disse:
"- Eu vou prá curva do Diabo em Sobradinho e vocês ?"

E os motores sairam ligados a mil
Prá estrada da morte o maior pega que existiu
Só deu para ouvir, foi aquela explosão
E os pedaços do Opala azul de Johnny pelo chão

No dia seguinte, falou o diretor:
"- O aluno João Roberto não está mais entre nós
Ele só tinha dezesseis.
Que isso sirva de aviso prá vocês".

E na saída da aula, foi estranho e bonito
Todo o mundo cantando baixinho:

Strawberry Fields Forever
Strawberry Fields Forever

E até hoje, quem se lembra
Diz que: "Não foi o caminhão"
Nem a curva fatal
E nem a explosão

Johnny era fera demais
Prá vacilar assim
E o que dizem é que foi tudo
Por causa de um coração partido

Um coração

Bye, bye Johnny
Johnny, bye, bye
Bye, bye Johnny.

Renato Russo

Um comentário:

Arthur Rangel B) disse...

Ah, minha visão de mundo é diferente demais da do Johnny pra que eu fale alguma coisa.