sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Richard,
É meio estranho pedir isso, mas imploro que pare de acreditar em mim na situação em que estamos. Não que eu esteja brincando com você, mas talvez no esforço que faço para te compreender eu acabe exagerando e falando demais. É sempre assim, acabo atrapalhando quando quero ajudar.
E não sei se devo dizer a você para ouvir menos o Yan. Ele me faz mal, talvez porque justamente ele te faz tão bem [que cruel da minha parte!], e olha que eu e ele nem somos tão diferentes assim. É uma coisa muito contraditória, porque eu sou um pouco como ele.
Odeio dizer isso, mas acho que eu o odeio porque ele é real.
Essa é a fraqueza que me dá mais vergonha de mostrar: o medo do real. Eu odeio o Yan porque ele é o que acontece, e o que acontece não é nada bom. Além disso, é por causa dele que você vai morrer, ainda que essa seja uma boa atitude. A boa atitude não é por morrer, mas por renascer. Num mundo em que você e ele atinjam seu equilíbrio, pois o mundo em que vivemos não está em equilíbrio.
E eu não quero te ver morrer. É aquilo mesmo, o velho egoísmo que nos assombra. Eu não quero te ver como um corpo diferente, uma corpo que eu vejo mas não sinto. Enquanto eu te sinto eu me sinto segura.
Mas também é aquilo: você precisa parar de me ouvir e ver o que é melhor para você, pois o que eu quero é que você esteja vivo. Você vai sofrer como está sofrendo, mas vai ter a certeza de que estou aqui.
O problema é que a Annie que está aqui te dá mais dor de cabeça do que você já tem: eu atrapalho quando quero ajudar e bato no rosto de quem quero beijar. É mais um dos milhões de erros que você tenta esquecer [eu acho] e Yan faz questão de lembrar.
Ele está fazendo o certo afinal. Porque aí ele mostra é sou EU que tenho que mudar, não é você. Você ainda está disposto em alma, mas seu corpo já está cansado, esperando a morte. Já o meu, em relação a você, parece que não vive: ele apenas sobrevive.
É claro que a Annie vive: mas quando ela se aproxima de Yan, ela já está cansada de sua outra vida e volta sem forças para o que interessa a ele. Mas a disposição, cadê?
Eu preciso mais que mudar, eu preciso me organizar. Deixar de me fragmentar para ser uma só pessoa, para que esta seja mais forte para não deixar você morrer. Mas se for inevitável, pelo menos ele estará forte para aguentar o peso da sua ausência.

Com amor,
Annie.

2 comentários:

Raphael Rodrigues disse...

http://raphaelsrodrigues.blogspot.com/2009/10/annie-nao-ha-mais-o-que-fazer-irei.html#comments

Raphael Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.