sábado, 21 de novembro de 2009

O presente

E nem seria tanto, porque ,embora quisesse, também não tinha tanto. Na falta de muito por muito, lhe bastaria o pouco por pouco. Porque haveria uma troca.
Seria um dia, um único dia e nunca mais. Ou não, quem sabe? Se bem que não queria esse mais, por enquanto. Só precisava de um dia, uma hora, um minuto para que pudesse ganhar seu presente.
Não seriam livros, roupas ou flores com cartão dentro. Seriam olhos fechados, a boca aberta, o coração batendo mais rápido e um abraço. Por um minuto ou dois, de uma vez só. Ou outro. E mais outro. E depois, ué, adeus!
Seria uma escapada do trivial, do todo-dia. Seria outro mundo, um mundo mais bonito, mais vermelho e [para ela, ao menos], mais real, porque o veria e sentiria de perto, como nunca fez. E quem haveria de fazer? E quem se ATREVERIA a fazer? Felizes aqueles que conseguiram por um minuto ou dois, um dia ou dois, e infeliz aquela que só tem ouvido as exclamações de depois, e não os gemidos de durante.
Sua alma era pobre e precisava dos farrapos dele que, à vista dos outros era um monte de trapos furados, mas à vista dela era um agasalho quente o suficiente para quebrar aquele gelo. Não seria um pobre presente, afinal.

Um comentário:

Arthur Rangel B) disse...

Ou quebrar o galho, sei lá.Isso não é real, pode ter certeza.Dá um vaziiio depois que vc não tem noção.Pelo menos se fosse comigo daria.