Discutindo

Não finja que não é cruel. Você odeia respostas sem fundamento, mas não dá espaço para que elas tenham. Voce odeia discutir.
Ainda me lembro de quando te chamei de estúpido, já faz muito tempo. Não foi assim na cara, foi algo silencioso que eu considerava engenhoso na época. Você não me bateu, não me xingou, só me repelou com aquela voz autoritária que é a sua obrigação ter. Você manda em mim, então tem o diareito de fazer o que quiser comigo, não é? É claro que não. Eu não tenho mais oito anos.
Na verdade você odeia perder. Admita.
Mas eu te compreendo. Você já perdeu tantas vezes e não vai deixar que os que dependem de você façam o mesmo. Eles foram feitos para obedecer então, não é? E sem discussão.
Talvez por isso não te suportam. Por vezes te odeiam. Se os deixasse explicar, ou melhor, se os desse CORAGEM para explicar, tudo faria sentido, você deixaria de ser odiado, excluído e cabeça-dura.
Ou não.
Porque o tempo de tentar fazer o certo acabou, a paciência acabou. Porque para você o tempo não vale nada. Mas tudo tem o seu tempo, então faça o favor de obedecê-lo. E sem discutir, pois não é a sua palavra contra a minha, mas contra o tempo da maioria. E o tempo, caso você não perceba, não volta atrás.
Isso tudo porque você não discutiu. Não dialogou. Juro que te entendo, você é parte de mim, mas eu não posso obedecer o tempo todo algo que não acho certo. E isso porque discuto comigo mesma e com os outros, coisa que você não faz. Ou melhor, não se deixa fazer.
Eu te entendo, afinal. Pelo medo de errar, prefere ser forte. Mas acaba sendo fraco. Isso é um erro que estou aos poucos tentando corrigir, mas e você?
Porém, o tempo não vai te deixar consertar. E nem vai adiantar tentar, porque ele é como você: odeia discutir.