Tem uma parte no livro 'O Alquimista', de Paulo Coelho, que me deixa muito apreensiva. O que eu lembro dela é que relata um muçulmano vendedor de cristais conversando com um pastor espanhol. Como ele chegou a determinado assunto eu não sei, mas o que eu lembro é do vendedor contando que a principal obrigação de um muçulmano é ir à Meca uma vez na vida para rezar [ou algo assim, porque acho que dormi na aula de história da 5ª série]. E esse vendedor conta que nunca irá à Meca, pois por justamente esse ser um objetivo importante na vida, quando este se realizar, o vendedor de cristais não verá sentido em viver, pois já cumpriu sua missão na Terra, e não terá que viver em função de nenhuma obrigação.
Eu pensei tanto nessa parte do livro... eu não entendia como alguém pode se sentir vazio por cumprir uma etapa importante na vida, pois a vida está em constante mutação, portanto há sempre novas oportunidades e deveres.
Não que eu tenho mudado de opinião, mas... hoje estou me sentindo como o vendedor de cristais sabe que se sentiria: vazio por causa da conquista. Não sei se isso é bom ou não. Geralmente é ruim, mas... misturado à esse vazio, também há aquele sentimento de 'aah, consegui'.
Esta noite a minha cabeça está vazia, pois ela não fez mais que a sua 'obrigação'. As fantasias se esvaíram porque a realidade deu lugar ao sonho, então não há o que pensar. Provavelmente por causa da ausência de preocupação e sonho, serei obrigada a ficar rolando na cama a noite inteira procurando por uma história que eu conte a mim mesma até que eu consiga dormir.
Não, eu não me decepcionei. Acreditem em mim. Mas quando nos deparamos com algo realmente diferente, é impossível não ficar com aquela interrogação na cabeça, voce só se pergunta 'entao é assim? Por que? E não era assim?'. O diferente não é ruim. Mas ele é estranho porque é... diferente. Sei lá.
Na verdade eu estou em paz. Mas a paz e o silêncio são tão grandes que eles se confundem com um abismo. Aí vem o medo de estar com um vazio. O medo de atingir um objetivo e depois não haver mais nada.
Mas eu não quero, eu não POSSO pensar como o vendedor de cristais, eu nunca fui assim. Não preciso que as minhas esperanças sejam perdidas. Eu preciso de novos desafios, de novos objetivos. Eu preciso de movimento antes que essa paz vire definitivamente um vazio, e a calmaria seja tanta que seja confundida com um túmulo.
Dare me!
P.S.: Me chamem do que quiser, mas eu prefiro que não hajam comentários neste post, principalmente perguntas. Este blog é um diário, um desabafo, um amigo, e não um interrogatório. Desculpem se estou sendo grossa demais. E... 'Just promise me you will understand...'
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