Cale-se...
Das profundezas do sono sem sonhos, acordo sem a vida reluzente em meus olhos. Os dias são sem graça, as noites são de guerra. Já ignoro o céu. Faz cinco dias que ignoro o céu. Ele fala das guerras noturnas e não me deixa encontrar-me com minha doce amiga Vênus. De manhã surge sorridente em seu azul como se nada tivesse acontecido. Já o ignoro faz cinco dias...
E as manhãs passam sem nexo algum. São dias soltos e sem graça. Sem sentido. Como se não ocorresse nada de novo para me fazer sorrir.
Sinto-me mal por tais coisas e sinto mal por sentir mal.
Só me resta dormir...
Ora, cale-se!
E por mais que tenha que disfarçar a minha voz para representar a normalidade, e por mais que eu tenha que rir sem achar a graça (mesmo tal coisa sendo engraçada), meus olhos denunciam minha total ausência desse mundo. Estou inexistente. Meu corpo se move sozinho, pois minha vontade está em parte destruída.
E quando consigo respirar melhor é quando me dói mais, pois o peso que fica bloqueando a minha respiração é a minha vida e quando este some, ela se esvai.
Então prefiro sentir meu coração pesado...
E quando sinto aquela flecha vir de minhas costas e atravessar meu peito, tal como um ataque, levo a mão a este e aperto em dor.
Lacinante dor...
PARA! CALE-SE! NÃO FALE MAIS!
E o meu silêncio tem muito mais a dizer que a minha boca. Quando apago entre a multidão, ninguém chega a notar até que alguém me chame... A não ser que a chama da vida mostre sua luzinha frágilmente fraca.. Aí as pessoas notam.
Mas essa chama está tão vacilante ultimamente que não chegam a brilhar nem nos olhos castanhos, naturalmente mortos. Não vejo mais a vida como via antes... Ela perdeu parte de seu sentido..
E que sentido ela tinha mesmo?
PARA!! NÃO AGUENTO MAIS!!! NÃO QUERO MAIS OUVIR!!!
E sinto raiva de mim mesma, pois me sinto incapaz de fazer tudo o que quero.
Raios, relâmpagos, trovões, novamente a guerra.
Eis a treva.
Para ver que a depressão profunda me deixa com um fio tão fino de esperança de que tudo melhore..
Quando melhorar, esse fio irá ficar mais resistente, afinal.
Hoje minha companhia é um potinho com confete e jujuba. Nada que a glicose não ajude...
CALE-SE!!
Certo, me calei...
2 comentários:
odeio dizer isso, mas...
como a compreendi nesse texto...
o jeito é esperar que, no meio de toda essa chuva, apareça um arco-íris. Ele sempre aparece.
Ah, não se cale.
"Toda mágoa velada
é água parada
e uma hora transborda"
Libere tudo o que vc tem pra falar, depois vc vai saber julgar tudo o que foi falado, e saber o que foi certo ou errado.A gente cresce muito assim.
;]
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