quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Uma carta do belo que é feio... para o feio que é belo.

"William,
você não me conhece e presumo que já me julgou. Julgar alguém antes de conhecer é um grande erro, mas quem disse que o seu julgamento estava errado?
E ainda há mais, meu querido. Aquela falta de senso foi só uma parte. Há muito mais carne podre e veneno entre os dentes, e abençoado seja você, que percebeu isso tudo logo de cara, porque os outros anjos só vêem aquilo que eu quero mostrar, que aliás é tão contrário ao que você viu e pensou.
Acho que você nem fala mal de mim. Afinal, quem sou eu para tomar conta de uma mente tão ocupada? Há coisas mais nobres e importantes para pensar, não é? Eu devo ser tão medíocre que nem pertenço à sua lista de convívio.
Já eu, esta pobre desocupada, não me canso de rir do seu BELÍSSIMO rosto. É o garoto mais feio que já vi, não nego! A feiúra é uma coisa condenável para essa espécie baixa e fútil à qual pertenço. Mas olhe, eu ainda tenho um mínimo de senso, aquele pedacinho de sabedoria que não me deixa te odiar. Ódio é uma coisa tão baixa. Você tem a expressão de quem já sofreu muito à custa dos outros que possuíam esse sentimento, e assim aprendeu a superá-lo, e em vez de retribuir o ódio, só sente indiferença, ou até mesmo pena daquelas pobres criaturas que odeiam.
O seu suposto desprezo por mim se tornou explícito muito depois de eu ter começado a te admirar. Eu te admiro muito, William. Admiro a eficiência das suas obras, as suas amizades, a docilidade e persuasão que habita nessa sua voz horrorosa e a capacidade de se sobrepor à sua feiúra, e se tornar algo maior e muito mais belo que esse defeito que se destaca tanto nesse mundo de aparências. Eu percebi que você é muito maior que você mesmo.
Eu não me importo que você me despreze, eu sei que nada passará de um olhar e um diálogo frio talvez, coisas que vou aprender a superar. Porque se você me despreza, a culpa é realmente minha, que realmente fiz por onde, era um defeito meu, aquele velho defeito de não pensar antes de falar. Se o destino me ajudar a consertar as coisas, eu vou consertar, para que você descubra alguma luz além da minha carne interiormente apodrecida.
Ou não sei, talvez eu esteja louca, e o desprezo seja ideia minha, e o que você sente por mim é algo muito mais terrível: indiferença. Aí eu estarei realmente perdida, porque vou ser só mais uma, não serei digna de nenhum sentimento seu. Se isso é bom ou ruim, eu não sei, porque apesar de eu não querer que você de fato me odeie, significa que talvez não haja chance de que você pense em mim de uma forma diferente. Não estou pedindo que isso aconteça, mas... não seria ruim. Ou seria?
Annie"

2 comentários:

Arthur Rangel B) disse...

Só acho que você falou muito sem dizer quase nada, ta parecendo até eu.xD.

E só uma coisa que você já sabe muito bem:cuidado com esses anjos que te cercam, você tem a estranha mania de transformá-los em demônios notando os defeitos, e criando novos defeitos também.Então apoveite as partes boas de cada um deles, mas não se envolva demais.Caso contrário, você pode machucar a si mesma lá na frente.

;**

s2

Raphael Rodrigues disse...

Talvez seja necessário ver a verdade e sair da zona de conforto...