segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O tal do 'bem maior'

É muito chato pensar que a gente se sente 'obrigado' a gostar de alguém. E talvez nem se trate disso, porque com tipos assim, é um negócio meio louco, tipo 'a gente odeia porque ama'. Isso aí, a gente tá sempre fazendo ou sentindo coisas ruins porque ama alguém. A gente bate em alguém porque ama, xinga alguém porque ama, briga com alguém porque ama, isso porque a gente quer o bem de quem ama.
Mas será que queremos realmente bem? O que é querer o bem dela? Permitir que ela viva para que continue com o seu pesadelo de cada dia, suas doenças de cada dia, a cada dia dizer 'eu não estou louca!', sendo que ela REALMENTE não sabe mais o que diz, e tendo que nos explicar, que já fizemos isso ou aquilo e que não, não estamos querendo matá-la nem deixá-la louca.
De que serve esse cuidado todo? Porque a amamos. Mas amar não é querer o bem de alguém? E é ESSE o bem, essa vida acabada e cheia de dor e suspeita?
Não imaginam o medo com o que escrevo isso. Me arrependerei de escrevê-lo, eu acho. Mas é a verdade, e a verdade dói, não é mesmo? A verdade não tem consequências ruins, só a mentira. E o que eu estou dizendo é verdade. Só o que estamos vivendo [ou mantendo] é que é mentira, uma mentira a favor do amor que sentimos. Porque é para o bem dela. E para o bem da nossa consciência, é claro.


"...Ia só andando, aceitando o pior, como um gesto do destino, como uma necessidade da obra humana, e foi então que a Esperança, para combater o Terror, me segredou ao coração, não essas palavras, pois nada articulou parecido com palavras, mas uma ideia que poderia ser traduzida por elas:
"mamãe defunta, acaba o seminário"
[...]
Foi uma sugestão da luxúria e do egoísmo. A piedade filial desmaiou um instante, com a perspectiva da liberdade certa, pelo desaparecimento da dívida e do devedor; foi um instante, menos que um instante, o centésimo de um instante, ainda assim o suficiente para complicar a minha aflição com um remorso"
trecho do livro "Dom Casmurro", de Machado de Assis - pág. 97, cap. 67

Um comentário:

Arthur Rangel B) disse...

Bem, o que dizer quando eu não entendo bem o que você diz?@_@

Só acho que não há motivo pra se ter o mal quando se pode ter o bem, ora.É tão simples.xD.Não tem motivo presse estardalhaço todo; eu acho.